Eu que
pensara que o tempo fosse ajudar, ajudar a esquecer, ou melhor, superar. O
tempo parece ter parado. E me sinto tão perdida, agarro-me a qualquer coisa, a
alguma esperança, a todo e qualquer convite, na fadada tentativa de
esquecer.
Ultimamente tenho chorado mais,
irritado mais, brigado mais com as pessoas como se fossem elas as culpadas por
você ter saído por aquela porta. Tenho chorado feita criança tímida que se
perdeu dos pais, porque sem você perdi-me de mim mesma. Perdi o conforto do
real desconforto que às vezes, era estar em seus braços.
Logo
eu, que tantas vezes fora sensata, ajuizada, e que achava poder ser o amor
substituído, perdi a compostura e a razão. Entre os intervalos de loucura e a pouca
razão que ainda resta, há noites, em que meu choro contido, só revela a mim o
quanto sou fraca, e ao mesmo tempo ridícula, por querer esconder a dor em
qualquer rito de passagem.
Meu
Deus, o que fiz para merecer isso? Por que não consigo ver nada à frente e nem
acreditar que dessa dor toda alguma coisa boa surgirá? Isso não é amor, não
pode ser: tanta lágrima, tanta insegurança, tanta dor, tanto vazio, tanto
desencontro, meu Deus, isso não pode ser amor...
Então,
porque desde que você se foi, desde que me dei conta de que nunca mais haveria
o “nós”, uma coisa dentro de mim secou, morreu, ou seja lá, o que tenha
acontecido dentro e fora de mim, fez com que eu nunca mais voltasse a brilhar.
Como tudo era sol quando ainda tinha você ao meu lado!
Não
é possível que você não sinta, que não perceba que estou morrendo de morte
lenta, morte de amor. Dizia Caio Fernando de Abreu, que quando uma pessoa
morre, não há muito que fazer, resta somente o conforto de nos refugiarmos nas
memórias; mas quando à “morte-viva” é realmente difícil aceitar, porque é
justamente às vezes, a possibilidade tão irreal do “se” que torna tudo ainda
mais difícil.
Como
pude me deixar levar por um amor sem razão, sem futuro, sem garantias? No total,
a única garantia que resta, é de que nada será capaz de levar de mim esse
desespero solitário que a cada dia se torna mais meu.
“Ainda
gostaria de entender. Li num livro que entender é limitado, e que não entender
é libertador. Estou quase certa de que é Clarice Lispector. Gostaria de ser
esperta o bastante para atingir esse alvo-conduto.” No mais, contínuo sem compreender.
Talvez, o mistério insista em nunca sabermos. Contudo, você sabe, somente você é capaz de me subverter.
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