quarta-feira, junho 27, 2012

No mais, você sabe.


         Eu que pensara que o tempo fosse ajudar, ajudar a esquecer, ou melhor, superar. O tempo parece ter parado. E me sinto tão perdida, agarro-me a qualquer coisa, a alguma esperança, a todo e qualquer convite, na fadada tentativa de esquecer. 
            Ultimamente tenho chorado mais, irritado mais, brigado mais com as pessoas como se fossem elas as culpadas por você ter saído por aquela porta. Tenho chorado feita criança tímida que se perdeu dos pais, porque sem você perdi-me de mim mesma. Perdi o conforto do real desconforto que às vezes, era estar em seus braços.
Logo eu, que tantas vezes fora sensata, ajuizada, e que achava poder ser o amor substituído, perdi a compostura e a razão. Entre os intervalos de loucura e a pouca razão que ainda resta, há noites, em que meu choro contido, só revela a mim o quanto sou fraca, e ao mesmo tempo ridícula, por querer esconder a dor em qualquer rito de passagem.
Meu Deus, o que fiz para merecer isso? Por que não consigo ver nada à frente e nem acreditar que dessa dor toda alguma coisa boa surgirá? Isso não é amor, não pode ser: tanta lágrima, tanta insegurança, tanta dor, tanto vazio, tanto desencontro, meu Deus, isso não pode ser amor...
Então, porque desde que você se foi, desde que me dei conta de que nunca mais haveria o “nós”, uma coisa dentro de mim secou, morreu, ou seja lá, o que tenha acontecido dentro e fora de mim, fez com que eu nunca mais voltasse a brilhar. Como tudo era sol quando ainda tinha você ao meu lado!  
Não é possível que você não sinta, que não perceba que estou morrendo de morte lenta, morte de amor. Dizia Caio Fernando de Abreu, que quando uma pessoa morre, não há muito que fazer, resta somente o conforto de nos refugiarmos nas memórias; mas quando à “morte-viva” é realmente difícil aceitar, porque é justamente às vezes, a possibilidade tão irreal do “se” que torna tudo ainda mais difícil.
Como pude me deixar levar por um amor sem razão, sem futuro, sem garantias? No total, a única garantia que resta, é de que nada será capaz de levar de mim esse desespero solitário que a cada dia se torna mais meu.
“Ainda gostaria de entender. Li num livro que entender é limitado, e que não entender é libertador. Estou quase certa de que é Clarice Lispector. Gostaria de ser esperta o bastante para atingir esse alvo-conduto.” No mais, contínuo sem compreender. Talvez, o mistério insista em nunca sabermos. Contudo, você sabe,  somente você é capaz de me subverter.


Nenhum comentário:

Ame a si mesmo

Como falar da vida sem mencionar as pessoas que um dia a tocaram de forma avassaladora?   O ano está por um fio, embora a vida está posta...