É triste perceber que ainda não esqueci o
tempo em que passamos juntos, e por mais que eu disfarce, não posso mentir que
ainda sinto sua falta. Quanto mais os dias passam mais nos afastamos e maiores
as mentiras que tenho inventado para preencher a sua ausência.
Haverá
um dia em que não mais me lembrarei de nós? A verdade é que você continua tão
presente em minha vida que pensar em você tem se tornado um hábito, e como
dizia Clarice Lispector “o hábito anestesia”. Confesso que já não é mais
preciso de muita coisa para me lembrar de você, porque está em tudo que faço em
tudo que sinto.
Tenho
medo de te ligar, pois temo que sua voz seja tão fria ao telefone que me corte
do outro lado da linha, ou que haja tão naturalmente ao ouvir minha voz que eu
não seja capaz de definir se estamos separados, ou tudo não tenha passado de um
sonho ruim.
Assim,
não ouso nem sequer discar seu número para não cair na tentação e trair a mim
mesma. Não busco saber o motivo de você ter se afastado, ou se foi eu que me
afastei, pois as razões já não importam mais. A razão em nada me ajudou quando
o assunto era você, e agora ela é soberana.
Faz
mal amar assim, desta forma tão secreta, tão impossível. Então, minto sobre nós,
digo que estamos bem. Não tive coragem de revelar a verdade, talvez pelo motivo de não querer que às pessoas
associem minhas súbitas mudanças de humor com a nossa separação. Sigo em frente
levando comigo apenas as lembranças daquilo que um dia pensei ter existido:
nós.
Não
nos merecemos, está é a verdade. Um amor como o nosso não foi feito para durar.
Não duraria não é mesmo? É triste saber que escolhi a saída mais fácil, fugir.
Mais triste ainda é perceber que o tempo não irá ajudar em muita coisa e que a
indiferença foi tudo que ainda nos restou.
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