"Essa noite eu tive um sonho com você, não é uma novidade sonhar com você, mas é que nesse, eramos apenas confidentes. Você me dizia coisas como " não há muito carinho nessa relação, mesmo que ela seja um docinho, ela não sabe acariciar a minha nuca da forma que me faça dormir" E eu sofrendo calada, só retribuía com um sorrisinho amarelo.
Quem sofre calada, sofre com mais dor, porque não escarra, ao contrário, engole, o líquido azedo da insatisfação, o líquido que queima e gela, e depois faz querer vomitar.
Acordei pensando sobre o que será de nós daqui um tempo, o 'nós' será completo, ou cheio de espaços e curvaturas? Tentei dormir, mas pensar em tudo, me deixou com insônia e eu fui desenhar, peguei os últimos cigarros da bolsa, sentei no chão e fui observar o céu. Eu não quis desenhar, não há nada bonito aqui dentro que eu queira passar pro papel, o cigarro foi tragado rápido, mas a dor não, a dor não se traga, não inala e não se esvai.
Quando você não sabe mais o que fazer em relação à sua vida, a única coisa que você quer é que o tempo passe, talvez isso seja apenas uma fase ruim, não é mesmo? Talvez você não seja pra mim, e talvez eu não te complete, talvez viraremos confidentes e eu vou acabar sorrindo amarelo como no sonho, talvez você me queira apenas como amiga, alguma boa lembrança, eu aceitarei ter o pouco que você propôr me dar, não há nada mais que eu possa fazer, eu sentirei vazio e tristeza, mas não é o tempo que ajuda? Então que passe, que passe o tempo, que diminua a saudade, a ausência e o amor, que passe. Vai passar, não vai?"

"vai passar, vai sim".