
E um pouco daquilo que sufocava sua alma ela tentava converter em poesia, ou melhor tentava transformar toda sua dor e agonia numa outra coisa que nem ela era capaz de dar nome.E ela que não acreditava muito em destino resolverá se por nua em suas mãos.
Todas essas canções que deixava as palavras mudas, as conversas vazias e as explicações vagas.
Ele dizia que ela era medrosa, que não sabia viver, que era ou estava se tornando neurótica, mas como não lhe dar razão se o amor que se cala ... com o tempo tende a enlouquecer.
Ela que parou o tempo não por ele mas, por amor que era criticada e que via sua vida na dele e mesmo que quebrasse o espelho não seria possível arrancar lhe do coração .
Essas metáforas e inseguranças. E por mais que ela tentasse não reclamar, não implorar por atenção, ela acabava fazendo mesmo sem perceber. E o amor ou o hábito não a fez notar que a paixão havia se transformado em bom-dia .
E ele com toda sua dor, desejo e sonhos não sabia ao certo como tocar aquela alma que no fundo era tão obscura quanto a sua. Um minuto de loucura e curiosidade que se eternizava há anos.
E toda aquela ânsia que causava insônia. Eram eles amigos?
Impossível dizer o que eram. Talvez fosse dois estranhos tentando encontrar a tal felicidade, tentando viver um grande amor mas, como amar se a fórmula não lhes fora dada.
E o que sabiam era insuficiente para o amanhã, então viviam do ontem, do ontem que tentavam petrificar só para terem o que contar na velhice.
Eram tão opostos... Se ele se resumia a tango ela queria valsa.
Tudo que ele desejava era ser livre, livre de tudo, livre dela mas, estavam tão acostumados a transformar a dor em poesia, o amor em prosa que não eram capazes de se resolverem ou serem loucos. Assim preferiam viver na mediocridade do não, ou melhor no meio-termo.
E essa droga de Tempo que não ajudava em nada. Ele era seu céu, inferno, curiosidade, desejo, medo, alegria, dor e alegria.
A distância que havia se tornado costume, desculpa. Acredito que ele era para ela o antídoto certo e a dose letal.
Mas a fé que já estava se tornando silenciosa. Essa mesmice de ambos, esse orgulho ou covardia estava separando o que nunca fora unido verdadeiramente. Embora aquela alma sem manual ainda contava que a crença ou o Amor fosse capaz de superar o próprio tédio, o próprio acaso e o próprio Tempo.
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