quarta-feira, fevereiro 03, 2010

*Ela*

Se não fosse esse calor, se não fosse esse vazio abstrato que não chega a ser ruim. Esse viver em meu viver que me faz insistentemente pensar; Pensar no vago mergulho que sou eu mesma. Esse ar presunçoso, esse gosto sem gosto, esse labirinto que se perde e se encontra no prazer insano da luxúria. Esse jeito esnobe e esquisito de se levar.
Como viver se as metáforas do passado não modifica o instante de agora, não altera o fato insólito que é conhecer o desconhecido.
Por que viver por intermediários se existe o brilho vago e ingênuo da verdade imparcial e neurótica?
Seria Ela impassível as paixões, a tudo que move, conduz e excita?
Porque para ele poderia ser apenas mais uma, só que ela sabia que não era assim. E esse medo de viver que a paralisava?
Para ela não era só o amor que contava como barganha, as lágrimas não era sinônimo de fraqueza e as alegrias não passava de um jeito modesto de se encaixar a esse mundinho hostil.
Era tão artificial e atriz a ponto de se jogar do arranha –céu só para ser o brilho da noite; Noite que se vai coma a manhã e se disfarça ao sol escondendo a negritude de sua alma.
O que é mais triste que uma alma obscura, crianças morrendo de fome ou o medo de perder a salvação?
Esse ódio que se transformava em Amor toda vez que palavras lhe soava como ópera, como samba, como vida.
Ela que não conseguia disfarçar a alegria toda vez que o passado lhe sorria e a sensualidade de seu corpo não se comparava ao mistério de sua alma. E sua ingenuidade que lhe cegava os olhos!
E ela sabia que mesmo odiando ainda era capaz de amar, que mesmo sofrendo era capaz de sorrir e que a história sendo ela hábil ou não a realidade, ela não era a única que não sabia ao certo o jeito mais precavido de viver.
E se ela fosse atriz, seu amor pura barganha, e seu bom-senso uma praga... ainda haveria tolerância e amor-próprio para não se deixar levar por um nebuloso e equivocado coração; se já não era seu coração apto para amar.

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